A passagem do tempo é realmente mais subjetiva do que pensamos.
Não só o meu 1 mês de férias no Brasil se foi, mas quando notei, eu já estava em vias de tirar um (outro) sabático de escrever por aqui.
A correria pré viagem, terminando expediente e saindo em busca de presentes e souvenirs inviabilizou um novo texto no começo de novembro.
Ter decidido, pela primeira vez na vida (talvez), ter tirado férias ‘oficiais’, apenas aproveitando as companhias e os momentos, no máximo mantendo a leitura de livros em dia, também inviabilizou a produção de textos pelo restante de novembro e início de dezembro.
E depois, as demandas ‘para ontem’ na empresa tão logo cheguei de viagem, além de uma mudança no escritório por conta de uma história muito curiosa - que deixarei para outro momento - acabaram me levando para aquele mesmo modo que foi o Gênesis dessa série de cartas:
“Ano que vem eu vou ser melhor e as coisa vão ser diferentes.“
Bom, ao menos encerrar a série com as partes 11 e 12 condensadas em uma carta vai buscar ir de encontro com essa máxima.
A única vantagem talvez de todas as aventuras dos últimos meses é que eu, indiscutivelmente, agia de acordo com as orientações dadas para os dois últimos meses do ano.
Na reta final, as orientações começaram a ser mais de “descobertas” e “se permitir”, eu diria. O Pumpkin Spice Latte de outubro que o diga.
Para novembro, a instrução era simplesmente de sair de casa todos os dias.
Em princípio uma tarefa super simples, mas eu que adoro passar o final de semana em casa sei que tipicamente esse é o mês que precisava me esforçar.. Ou nem tanto assim.
As idas e vindas em lojas, mercados e afins, buscando os presentes que levei na mala antes da viagem, zeraram os primeiros 10 dias do mês.
E.. bom, depois eu viajei pro Brasil, né? Se a minha casa oficial hoje é Grenoble, conta como ter saído de casa, não?
Ainda que não conte, com o calendário de visitas - que como bom plano, deu errado em algumas partes - e alguns compromissos agendados acredito que eu saí de casa diariamente, ou algo assim.
E a instrução para dezembro talvez explique um pouco o hiatus que tivemos nas cartas por aqui: deixe o celular em um outro cômodo.
Não porque eu escrevo as cartas por ele - ainda prefiro toda configuração da minha mesa de trabalho. Mas sim pois o princípio é de “se desligar” e estar mais presente e sintonizado no ambiente e com as pesosas nele.
Não vou mentir para vocês: minhas férias de 1 mês no Brasil evaporaram aos meus olhos. Quando eu notei, eu já estava sofrendo com o frio na França enquanto esperava o trem de volta para Grenoble.
Ter desfrutado a presença da minha família, os amigos que pude reencontrar, os filhos de amigos que conheci pela primeira vez, as conversas que tive, os momentos especiais..
O aniversário de uma “senhorinha” muito especial na minha vida..
A formatura do ensino médio da minha irmã..
A celebração adiantada de Natal - que minha Mãe fez questão de aproveitar minha presença..
A celebração dos 60 anos de vida do meu Pai..
Tudo teria sido bem menos memorável e não me trariam os sentimentos que sinto ao escrever essas palavras se eu tivesse tão fissurado - como muito normalmente acontece - em tudo que eu “tinha” para fazer, mas que precisava do meu celular ou computador para trabalhar.
Eu confesso que não lembro se em algum dia eu tive férias de verdade. Sempre inquieto depois de 1 dia olhando pro teto sem fazer nada, eu sempre achava um curso para fazer, livros para ler, matéria da faculdade do semestre seguinte para estudar..
Acho que desde que comecei a vida adulta, foi a primeira vez que eu simplesmente parei e “não fiz nada” por tempo o suficiente para desfrutar o devido descanso ao cérebro - minhas últimas férias longas tinham sido só no final do ano passado.
Acredito que tenha sido uma coincidência, mas essas duas instruções, não só em época de fim de ano como no período que eu enfim dei uma passada rápida ao Braisl para tentar (e falhar miseravelmente) matar um pouco da saudade, permitiram que eu estivesse de fato presente e fizesse valer cada segundo que tive.
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E torço para que vocês também possam ter bons momentos assim, fora de casa e mais presentes.
Uma coisa é certa: a pausa nas cartas por aqui me fez bem.
Não porque tirei férias da escrita em si..
Mas porque a distância só me confirmou o quanto me sinto bem quando retorno para pôr “no papel” tantas coisas me dão vontade.
Com o término dessa série, onde fiz a releitura de um artigo que simplesmente sumiu da Internet - sim, eu fui procurar de novo e não encontrei - eu agora tenho um guia de consulta rápida, além de poder relembrar de várias anedotas da minha vida que comprovam que eu ao menos tento, ano vai e ano vem, seguir as indicações da Gretchen..
Sempre buscando ser mais feliz no ano que se inicia..
E certamente agora em 2025 não será diferente..
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Quer dizer..
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Dessa vez tem uma ligeira diferença.. Mas isso eu deixo para a próxima carta 😅
GIAL | LIR
Rodrigo Miranda
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